Quando Baden Powell e Vinícius de Moraes (1913-1980) compuseram os afro-sambas, em 1962, o Brasil vivia a novidade da bossa nova. Nascia assim, de uma regressão ao passado cultural da Bahia, o musical que agora ganha nova roupagem na voz da cantora Monica Salmaso e nos arranjos para o violão de Paulo Bellinati.Lançado pelo selo Atração, o álbum "Afro-Sambas" demorou dois anos para ser concluído. "A idéia surgiu em 92, quando conheci os afro-sambas enquanto gravava um disco com Eduardo Gudin (célebre guitarrista brasileiro)", disse Monica, que já trabalhou com Chico Buarque, Gal Costa e Edu Lobo.Os afro-sambas de Baden e Vinícius compõem um conjunto homogêneo de 11 músicas que fundem sambas-de-roda, sambas-canção e pontos de candomblé. Os temas referem-se à religiosidade baiana. A inspiração temática e musical para a obra veio de uma viagem que Baden fez a Bahia na década de 60.
Originalmente, os afro-sambas reuniam vários tipos de percussão, sopro e violão. Bellinati traduziu os sinais dos instrumentos para o violão e reviu os arranjos da época. "Eles eram datados, tinham tudo a ver com a bossa nova", diz Monica.O resultado é um disco moderno, que traz citações sonoras contemporâneas, do jazz e da world music. "Na verdade é um concerto", afirma Monica, que diz ter o perfil para interpretá-lo. "Estas músicas têm a ver com a minha voz, escura". Segundo ela, os afro-sambas foram concebidos para consumar um dueto entre voz e violão. "O disco é muito livre, foi feito ao vivo, por isso a espontaneidade do encontro entre as cordas e a voz." (Sylvia Colombo - Folha de São Paulo, Setembro de 1996).
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