É dúvida, dívida;
Dividida
com os ratos
Reinada
nas trevas
Quem
teria dádiva
Ao
viver nessa mísera praça?
Você
acha que minha irmã se prostituiu por vontade ou graça?
A
vida não é nada
Se
você não tem amor, nem arroz.
Quem
traz luz são fadas ou pedras?
Ao
viver nesse horrendo cercado
Você
acha que tenho obrigação de viver feliz?
Quem
sente gratidão por estar no inferno desde cedo?
Molhando toda vez que chove
Raspando
panela em silêncio para que ninguém ouça
Sendo xingada e distratada pelos carros,
Invisível
como um vírus, insuportável como estrume fresco
Vivendo
cada dia como se fosse o último
Há
dez anos sem um abraço, há cinco anos sem aborto
Uma mulher boa que as pessoas morrem de medo.
(Leo Canaã)
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