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29 de mai. de 2019

Clube da Esquina [1972]

Capa do CD

Se tivesse que escolher apenas um CD para levar comigo para plutão, este trabalho estaria concorrendo fortemente para este fim. Juntamente com a Tropicália, o Clube da Esquina é considerado como o movimento musical brasileiro que alcançou maior ressonância internacional no período pós bossa nova. O Clube era na verdade um fino coletivo de artistas mineiros, capitaneados por Milton Nascimento e Lô Borges que sacudiu (e ainda sacode) a música nacional. Este álbum de 1972 é poderoso do início ao fim, fundamentando-se em uma sinergia de rock'n roll, bossa nova, jazz, rock progressivo, influências de música caipira e clássica tornando-o, sem dúvida nenhuma, uma das maiores criações artísticas em terras tupiniquins. O Clube teve uma reunião novamente em 1978, o altamente recomendado álbum duplo "Clube da Esquina 2".
Precisamos de mais músicos do que de soldados!
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20 de mai. de 2019

O que significa Bolsonaro no poder


POR JESSÉ SOUZA*10/05/2019
Bolsonaro e sua penetração na banda podre das classes populares foi útil para vencer o PT, mas é tão grotesco, asqueroso e primitivo que governar com ele é literalmente impossível.

A eleição de Jair Bolsonaro foi um protesto da população brasileira. Um protesto financiado e produzido pela elite colonizada e sua imprensa venal, mas, ainda assim, um "protesto". Uma sociedade empobrecida – cheia de desempregados, de miseráveis e violência endêmica, cujas causas, segundo a elite e a grande imprensa que a mantém, é apenas a "corrupção política" – elege o mais nefasto político que os 500 anos de história brasileira já produziu. Segundo a imprensa comprada, a corrupção é, inclusive, culpa do PT e de Lula manipulando a informação e criando uma guerra entre os pobres. Sem compreender o que acontece, a sociedade como um todo é manipulada e passa a agir contra seus melhores interesses.

A única classe social que entra no jogo sabendo o que quer é a elite de proprietários. Para a elite, o que conta é a captura do orçamento público via "dívida pública" e juros extorsivos, e ter o Estado como seu "banco particular" para encher o próprio bolso. A reforma da previdência é apenas a última máscara desta compulsão à repetição. Mas as outras classes sociais, manipuladas pela elite e sua imprensa, também participaram do esquema, sempre "contra" seus melhores interesses.

A classe média real entrou em peso no jogo, como sempre, contra os pobres para mantê-los servis, humilhados e sem chances de concorrer aos privilégios educacionais de que desfruta. Os pobres entraram no jogo parcialmente, o que se revelou decisivo do ponto de vista eleitoral, pela manipulação de sua fragilidade e pela sua divisão proposital entre pobres decentes e pobres "delinquentes". Esses dois fatores juntos, a guerra social contra os pobres e entre os pobres, elegeram Bolsonaro e sua claque.

Foi um protesto contra o progresso material e moral da sociedade brasileira desde 1988 e que foi aprofundado a partir de 2002. Estava em curso um processo de aprendizado coletivo raro na história da sociedade brasileira. Como ninguém em sã consciência pode ser contra o progresso material e moral de todos, o pretexto construído, para produzir o atraso e mascará-lo como avanço, foi o pretexto, já velho de cem anos, da suposta luta contra a corrupção. Sérgio Moro incorporou esta farsa canalha como ninguém.

A "corrupção política", como tenho defendido em todas as oportunidades, é a única legitimação da elite brasileira para manipular a sociedade e tornar o Estado seu banco particular. A captura do Estado pelos proprietários, obviamente, é a verdadeira corrupção que, inclusive, a "esquerda" até hoje, ainda sem contradiscurso e sem narrativa própria, parece não ter compreendido.

Agora, eleição ganha e Bolsonaro no poder, começam as brigas intestinas entre interesses muito contraditórios que haviam se unido conjunturalmente na guerra contra os pobres e seus representantes. Bolsonaro é um representante típico da baixa classe média raivosa, cuja face militarizada é a milícia, que teme a proletarização e, portanto, constrói distinções morais contra os pobres tornados "delinquentes" (supostos bandidos, prostitutas, homossexuais, etc.) e seus representantes, os "comunistas", para legitimar seu ódio e fabricar uma distância segura em relação a eles.

Toda a sexualidade reprimida e todo o ressentimento de classe sem expressão racional cabem nesse vaso. O seu anticomunismo radical e seu anti-intelectualismo significam a sua ambivalente identificação com o opressor, um mecanismo de defesa e uma fantasia que o livra de ser assimilado à classe dos oprimidos. Olavo de Carvalho é o profeta que deu um sentido e uma orientação a essa turma de desvalidos de espírito.

É claro que Bolsonaro é um mero fantoche ocasional das elites brasileira e americana. Quando ele volta de mãos vazias dos Estados Unidos, depois de dar sem qualquer contrapartida o que os americanos nem sequer tinham pedido, a única explicação é que ele estava lá como sujeito privado e não como presidente de um país. Como sujeito privado, é bem possível que ele estivesse pagando, com dinheiro e recursos públicos, os gastos de campanha até hoje secretos e sem explicação. Mas é óbvio que sua campanha foi feita e muito provavelmente financiada pelos mesmos que fizeram e bancaram a campanha de Trump.

O seu discurso de ódio era o único remédio contra a volta do PT ao poder. E como a elite e sua imprensa querem o saque do povo, e para isso se aliam até ao diabo, ou pior, até a Bolsonaro, sua escolha teve este sentido. O ódio, por sua vez, é produzido pela revolta de quem não entende por que fica mais pobre e a única explicação oferecida pela imprensa venal é o eterno "bode expiatório" da corrupção política. Mas a corrupção política era a forma, até então, como se manipulava a falsa moralidade da classe média real. Como se chega com esse discurso manipulador também nas classes baixas? O voto da elite e da classe média no Brasil não ganha eleição nenhuma. Este é um país de pobres.

A questão interessante passa a ser como e por que setores das classes populares passaram a seguir Bolsonaro e permitiram sua eleição. Para quem Bolsonaro fala quando diz suas maluquices e suas agressões grosseiras? Ele fala, antes de tudo, para a baixa classe média iletrada dos setores mais conservadores do público evangélico. Este público que ganha entre dois e cinco salários mínimos é um pobre remediado que odeia o mais pobre e idealiza o rico. O anticomunismo, por exemplo, tem o efeito de irmanar este pobre remediado com o rico, já que é uma oportunidade de se solidarizar com o inimigo de classe que o explora e não com seu vizinho mais pobre com quem não quer ter nada em comum. Isso o faz pensar que ele, em alguma medida, também é rico – ou em vias de ser –, já que pensa como ele.

O anti-intelectualismo também está em casa na baixa classe média. Isso é importante quando queremos saber a quem Bolsonaro fala quando ataca, por exemplo, as universidades e o conhecimento. A relação da baixa classe média com o conhecimento é ambivalente: ela inveja e odeia o conhecimento que não possui, daí o ódio aos intelectuais, à universidade, à sociologia ou à filosofia. Este é o público verdadeiramente cativo de Bolsonaro e sua pregação. É onde ele está em casa, é de onde ele também vem. Obviamente esta classe é indefesa contra a mentira institucionalizada da elite e de sua imprensa. Ela é vítima tanto do ódio de classe contra ela própria, que cria uma raiva que não se compreende de onde vem, e da manipulação de seu medo de se proletarizar. Quando essas duas coisas se juntam, o pobre remediado passa a ser mais pró-rico que o Dória.

A escolha de Sérgio Moro foi uma ponte para cima com a classe média tradicional que também odeia os pobres, inveja os ricos e se imagina moralmente perfeita porque se escandaliza com a corrupção seletiva dos tolos. Mas, apesar de socialmente conservadora, ela não se identifica com a moralidade rígida nos costumes dos bolsonaristas de raiz, que estão mais perto dos pobres. Paulo Guedes, por sua vez, é o lacaio dos ricos que fica com o quinhão destinado a todos aqueles que sujam as mãos de sangue para aumentar a riqueza dos já poderosos.

Os primeiros meses de Bolsonaro mostram que a convivência desses aliados de ocasião não é fácil. A elite não quer o barulho e a baixaria de Bolsonaro e sua claque, que só prejudicam os negócios. Também a classe média tradicional se envergonha crescentemente do "capitão pateta". Ao mesmo tempo, sem barulho nem baixaria Bolsonaro não existe. Bolsonaro "é" a baixaria. Sérgio Moro, tão tolo, superficial e narcísico como a classe que representa, é queimado em fogo brando, já que o Estado policial que almeja, para matar pobres e controlar seletivamente a política, em favor dos interesses corporativos do aparelho jurídico-policial do Estado, não interessa de verdade nem à elite nem a seus políticos. Sem a mídia a blindá-lo, Sérgio Moro é um fantoche patético em busca de uma voz.

O resumo da ópera mostra a dificuldade de se dominar uma sociedade marginalizando, ainda que em graus variáveis, cerca de 80% dela. Bolsonaro e sua penetração na banda podre das classes populares foi útil para vencer o PT, mas é tão grotesco, asqueroso e primitivo que governar com ele é literalmente impossível. A idiotice dele e de sua claque no governo é literal no sentido da patologia que o termo define. Eles vivem em um mundo à parte, comandado pelo anti-intelectualismo militante, o qual não envolve apenas uma percepção distorcida do mundo. O idiota é também levado a agir segundo pulsões e afetos que não respeitam o controle da realidade externa. Um idiota de verdade no comando da nação é um preço muito alto até para uma elite e uma classe média sem compromisso com a população nem com a sociedade como um todo. Esse é o dilema do idiota Jair Bolsonaro no poder.
*Jessé Souza é sociólogo, professor universitário, pesquisador e escritor brasileiro. Autor de os best-sellers "A Elite do Atraso" e "A Classe Média no Espelho".

Roy Orbison [60]

Capa do CD - Roy Orbison [60]

Quem nunca ouviu "Oh, Pretty Woman" não é deste planeta! Mesmo que você não saiba de quem é a música, sabe que ela existe. Uma das canções mais influentes dos anos 60 e do cinema internacional ("Uma linda Mulher" com Julia Roberts) é de Roy Kelton Orbison, o "The BIG O" como era conhecido. Roy foi um cantor e compositor estadunidense dos mais influentes de sua geração, pioneiro do rock'n roll e influenciador de um monte de artistas dos anos 60 e 70 em todo o mundo.  No Brasil, a Jovem guarda, por exemplo, se embebedou de Orbison, assim como artistas do porte de Raul Seixas e Mutantes.
Quase no fim da vida, em 1988, Roy ainda participou de um encontro histórico e icônico com Bob Dylan, Tom Petty, George Harrison e Jeff Lyne (o "Traveling Wilburys"), mas morreu antes de sair o trabalho gravado pelo supergrupo, além de um trabalho próprio "Mistery Girl" que foi considerado um dos melhores discos da carreira e dos anos 80.
Esta coletânea pessoal abrange 14 sucessos dos anos 60.
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11 de mai. de 2019

Os Cebollitas

Pintura em um prédio de Nápoles (ITA) em homenagem a "Dom Diego"

Foi em 1973. Jogavam as equipes infantis de Argentinos Juniors e River Plate, em Buenos Aires. 
O número 10 do Argentinos recebeu a bola de seu goleiro, evitou o beque central do River e começou a corrida. Vários jogadores foram ao seu encontro: passou a bola por fora de um deles, entre as pernas do outro, e enganou mais um de calcanhar. Depois, sem parar, deixou paralisados os zagueiros e botou o goleiro caído no chão, e se meteu caminhando com a bola na meta rival. No campo tinham ficado 7 meninos fritos e quatro que não conseguiam fechar a boca. 
Aquela equipe de garotinhos, Os Cebollitas, estava invicta há cem partidas e tinha chamado a atenção dos jornalistas. Um dos jogadores, Veneno, que tinha treze anos, declarou:

" _ Jogamos para nos divertir. Nunca vamos por dinheiro. Quando entra dinheiro, todos se matam para ser estrelas, e então chega a hora da inveja e do egoísmo".

Falou abraçado ao jogador mais querido de todos, que também era o mais alegre e o mais baixinho: Diego Armando Maradona, que tinha doze anos e acabava de fazer aquele gol incrível.
Maradona tinha o costume de pôr a língua para fora quando estava em pleno impulso. Todos os seus gols tinham sido feitos com a língua de fora. De noite dormia abraçado com a bola e de dia fazia prodígios com ela. Vivia numa casa pobre de um bairro pobre e queria ser técnico industrial.

(Eduardo Galeano - "Futebol ao Sol e à Sombra" Página 137)

6 de mai. de 2019

IRON & WINE by Kbsa

Capa do CD: Eugene Michel

O Iron & Wine é uma baita banda de folk-rock dos anos 2000 de um cara que chama Sam Beam. Além da voz do cara ser muito legal, as músicas do Iron & Wine são bem arranjadas, grudando nas primeiras ouvidas. Esta coletânea pessoal abrange o período de 2002 a 2019 com 20 canções desta bandaça.
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1 de mai. de 2019

Acerto de Contas com Paulo Vanzolini - Volume Especial [2003]

Ilustração: Kino

Com o lançamento do songbook Acerto de Contas com Paulo Vanzolini –que contempla 4 CDs e 52 canções de seu repertório–, a gravadora Biscoito Fino nos presenteou com uma obra referencial.  Os intérpretes que participam do tributo foram escolhidos pelo próprio compositor: Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Martinho da Vila, Eduardo Gudin, Inezita Barroso, Virgínia Rosa, Paulinho Nogueira, Márcia, Trovadores Urbanos. Da família Buarque de Hollanda participam todos os cantores: Chico Buarque, Cristina, Miúcha, Piií, Ana de Hollanda. O time dos músicos que tocam nas faixas é composto por "cobras" da madrugada paulistana, músicos acostumados a passar noites em claro ao redor de uma mesa de bar no bairro do Bixiga, do Brás ou da Barrafunda. Vanzolini fez questão de levar para o estúdio seus amigos de boemia: João Macacão, Zé Barbeiro, Izaías do Bandolim, Luizinho 7 Cordas, Ítalo Perón, entre outros. O resultado é verdadeiro, informal e emotivo, deixando o coração da gente escancarado durante a audição (Bruno Ribeiro). 
Vanzolini, além de compositor, foi referencial zoólogo e um dos fundadores da FAPESP , referência em pesquisa científica no Brasil. Morreu em 2013.
Este CD com 19 músicas é uma compilação das melhores do Songbook.
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