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11 de mai. de 2019

Os Cebollitas

Pintura em um prédio de Nápoles (ITA) em homenagem a "Dom Diego"

Foi em 1973. Jogavam as equipes infantis de Argentinos Juniors e River Plate, em Buenos Aires. 
O número 10 do Argentinos recebeu a bola de seu goleiro, evitou o beque central do River e começou a corrida. Vários jogadores foram ao seu encontro: passou a bola por fora de um deles, entre as pernas do outro, e enganou mais um de calcanhar. Depois, sem parar, deixou paralisados os zagueiros e botou o goleiro caído no chão, e se meteu caminhando com a bola na meta rival. No campo tinham ficado 7 meninos fritos e quatro que não conseguiam fechar a boca. 
Aquela equipe de garotinhos, Os Cebollitas, estava invicta há cem partidas e tinha chamado a atenção dos jornalistas. Um dos jogadores, Veneno, que tinha treze anos, declarou:

" _ Jogamos para nos divertir. Nunca vamos por dinheiro. Quando entra dinheiro, todos se matam para ser estrelas, e então chega a hora da inveja e do egoísmo".

Falou abraçado ao jogador mais querido de todos, que também era o mais alegre e o mais baixinho: Diego Armando Maradona, que tinha doze anos e acabava de fazer aquele gol incrível.
Maradona tinha o costume de pôr a língua para fora quando estava em pleno impulso. Todos os seus gols tinham sido feitos com a língua de fora. De noite dormia abraçado com a bola e de dia fazia prodígios com ela. Vivia numa casa pobre de um bairro pobre e queria ser técnico industrial.

(Eduardo Galeano - "Futebol ao Sol e à Sombra" Página 137)

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