
Pablo Picasso - Mulher Chorando (1937)
Ana, se disserdes agora
que me ama
Não acreditaria,
nem gostaria
De viver a tua
sombra, lembrança, mesmo moradia
Não amas ninguém
Ana
Se disserdes neste
momento que me quer agora na cama
Não sei se
sucumbiria ou teria gana
Que o amor dure
até se dizer não a pessoa que mais ama
Ninguém amou tanto
Ana como eu
Ninguém foi tão
capacho de Ana como eu
Ninguém foi capaz
de amar Ana como eu
Cheguei até num
discurso no boteco do Célio
Dizer que Ana me
levava a sério e que seria por séculos e séculos
Até fazia mercado
de manhã para comprar baixaria
Que ela gostava
com margarina
Até deixei de
procurar a noite, as festas.
A Estér do
Apartamento 23 e a Fátima da reza
Deixei de mendigar
vintém, fazia a compra do mês
Arrumei trabalho,
deixei o encontro de carimbó e a cana também
E você Ana, o que faz e o que fez?
E você Ana, o que faz e o que fez?
Ana de Santarém
não ama ninguém
Quem não tem
ninguém
Nada tem
Quem não ama
ninguém
Não se tem
Quem não se ama Ana
Ninguém tem
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