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24 de out. de 2013

Ana de Santarém que não Ama Ninguém


 
Pablo Picasso - Mulher Chorando (1937)
 
 
 

Ana, se disserdes agora que me ama

Não acreditaria, nem gostaria

De viver a tua sombra, lembrança, mesmo moradia

Não amas ninguém Ana

Se disserdes neste momento que me quer agora na cama

Não sei se sucumbiria ou teria gana

Que o amor dure até se dizer não a pessoa que mais ama

Ninguém amou tanto Ana como eu

Ninguém foi tão capacho de Ana como eu

Ninguém foi capaz de amar Ana como eu

Cheguei até num discurso no boteco do Célio

Dizer que Ana me levava a sério e que seria por séculos e séculos

Até fazia mercado de manhã para comprar baixaria

Que ela gostava com margarina

Até deixei de procurar a noite, as festas.

A Estér do Apartamento 23 e a Fátima da reza

Deixei de mendigar vintém, fazia a compra do mês

Arrumei trabalho, deixei o encontro de carimbó e a cana também

E você Ana, o que faz e o que fez?

Ana de Santarém não ama ninguém

Quem não tem ninguém

Nada tem

Quem não ama ninguém

Não se tem
 
Quem não se ama Ana
 
 Ninguém tem
 
 

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